sábado, 28 de setembro de 2013

TERCEIRIZAÇÃO AMEAÇA AUTONOMIA DAS MULHERES


Não é de hoje que as mulheres são submetidas à exploração e à opressão. É da natureza do capitalismo a opressão de classe, que se conecta com o patriarcado e o racismo, suga a capacidade física e intelectual, o tempo, corpos, modos de ser e fazer, sem compensar e sem reconhecer como sujeitos.
São as mulheres a maioria da população brasileira, com maior escolaridade que os homens e injustamente continuam ocupando os postos de trabalho mais precários, menor remunerados, jornadas extensivas, realizando quase exclusivamente o trabalho doméstico e o cuidado familiar. Ao trabalhar fora, em casa trabalha ainda mais para permitir o bem estar e as condições para que toda a família possam trabalhar na produção, sem direito à creches e outros mecanismos que permitam enfrentar a dupla jornada e garantir autonomia financeira.
É nesse contexto que se inscreve o PL 4330 que trata da terceirização ampla e irrestrita, inclusive na atividade principal da empresa, privada ou pública, como um mecanismo que dá sinal verde à privatização, superexploração e flexibilização dos direitos trabalhistas, a medida que se permite demitir sem muita justificativa, diminuindo as bases da nova contratação.
O PL 4330 não é somente uma ameaça à classe trabalhadora, é uma ameaça às mulheres, já que é a parte da classe trabalhadora mais empobrecida, que ocupa os postos mais precários de trabalho e as primeiras a serem demitidas em momentos de crise.
Isso se dá porque na lógica desse sistema que as incorpora subordinadamente, serão as mulheres, por absoluta ausência de alternativa, que realizarão as mesmas tarefas em condições bem mais precárias, desprotegidas e desumanas. Sem esquecer que as mulheres realizam em torno de 30 horas de trabalho não remunerado (trabalho doméstico), ou seja, 3 vezes mais que o tempo gasto com as mesmas tarefas pelos homens (IPEA).
Para as mulheres a terceirização não é mais um fantasma, a incorporação subordinada no mundo do trabalho produtivo, já é realidade bem presente. Pesquisas apontam que as maiores empresas de terceirização do mundo são as de serviços, nas áreas de segurança, telemarketing e limpeza, são tarefas que também, pela divisão sexual e racial do trabalho, são preponderantemente realizadas por mulheres.
Não há dúvida de que a terceirização tem gênero, raça e classe. Serão as mulheres, negras e em situação de pobreza a vivenciar mais essa experiência de exploração e opressão. Por isso, somos contra esse projeto de lei. Ele nos fragiliza como parte majoritária da classe trabalhadora, nos rouba a condição de sujeitos, e impede a construção de uma sociedade mais justa.
Não ao PL 4330!
Zilda Martins de Quadros

Nenhum comentário:

Postar um comentário